2012 é considerado o ano dos azarões no esporte. Inclusive para o time paulistano que, com méritos e sem prognósticos, se sagrou campeão invicto da Copa Libertadores da América - título inédito e, até então, grande alvo de piadas dos adversários pela falta desse troféu na galeria de conquistas. Apesar do planejamento, das metas e da boa resposta de sua torcida, existem alguns motivos escondidos atrás da grande euforia que podem sacramentar não o Corinthians, mas qualquer outro time, até, quem sabe, um não favorito, como o campeão do Mundial de Clubes da Fifa 2012, né?
Mas, baseada em dados e fatos, escalo sete motivos que podem impedir que o time repita no Japão a campanha inquestionável como a que o levou à conquista continental.
1. Mau desempenho no Brasileirão
Embalado pela conquista do título nacional em 2011, o Corinthians fez uma campanha invicta no Paulistão 2012. Manteve a invencibilidade contra o rival São Paulo que não vencia partidas contra o alvinegro havia seis jogos no Pacaembu. E vivia uma quase certeza da conquista do título ou de uma vitória com folga. A estreia na Libertadores veio em meio a turbulências: a entrada de Mario Gobbi na presidência no lugar de Andrés Sanchez e a participação de Adriano, então jogador (problema) no elenco do time e um dos possíveis convocados. Mas enquanto neste campeonato o time iniciou a jornada com vitória contra o Deportivo Tachira, a má fase no regional e nacional começou em maio.
A final do Paulista foi contra o Santos. O time da capital jogou mal o primeiro tempo, marcou e quebrou a invencibilidade do goleiro Rafael, que não era vazado há seis partidas, mas o placar de 2x1 fez com que o Santos levasse o campeonato. O Corinthians dependia só de si mesmo. Liedson, o atacante em crise de gol, saiu de campo na ocasião dizendo que o time atuou bem e daria prioridade ao Brasileiro. Nas primeiras rodadas, o time ficou na zona de rebaixamento. A campanha continuava com vitórias na Libertadores, enquanto a situação era totalmente oposta no nacional. Deixando claro que a prioridade era a conquista do título inédito e sem chances de alcançar a pontuação para disputar o troféu do Brasileirão, interessava a cobiçada taça. E o técnico Tite afirmou que a meta era manter o time entre os dez primeiros colocados. Ponto.
Com uma campanha irregular, campeão da Libertadores e com o foco total no Mundial, o time perdeu o último jogo do campeonato para os reservas do São Paulo (focado na final da Sul-Americana). O fato não abalou o time, mas é certo que poderia ter encerrado o ciclo pelo menos com um empate. A derrota por 3x1 estragou o clima de festa nipônica criada no Pacaembu no dia 24 de novembro. O Corinthians atingiu a meta, terminou o Brasileirão em 6º lugar, com 38 jogos realizados, 15 vitórias, 12 empates e 11 derrotas.
2 . Falhas do goleiro
Depois das falhas que comprometeram os resultados das partidas no Paulista e Libertadores, em abril o goleiro Julio Cesar deixou de ser titular e deu lugar ao gaúcho Cássio (ex-Grêmio). O gigante, como ficou conhecido então, assumiu a defesa do time e teve uma atuação inquestionável, defendendo inclusive penâltis e fazendo alguns milagres nas falhas da zaga. Contou também com a sorte. Um dos lances mais comentados do ano foi no jogo contra o Vasco, em maio, quando o atacante Diego Souza não chutou direto no gol e perdeu a chance de marcar. Se tivesse convertido, garantiria seu time no Campeonato e eliminaria o Corinthians da Libertadores.
Desde agosto, principalmente, e nas últimas rodadas do Brasileirão, a rotina exaustiva de viagens, treinos e competições seguidas, causaram um estresse no atleta. Cássio, assim como parte do elenco titular, atuou mal, chegou a se precipitar em vários lances e só não foi vazado, dizem, por pura fatalidade e apito amigo. Se não usar a frieza que teve nos jogos decisivos da Libertadores, pode ser um grande problema, já que embarcou no embalo do excesso de confiança e ainda como titular absoluto para o Mundial.
3. Euforia
Uma das metas durante a gestão de Andrés Sanchez era transformar o time numa potência, um exemplo de boa administração e ações milionárias de marketing. Fatos que resultariam em estabilidade, dinheiro, patrocínio, bom elenco e consequentemente, resultado em campo. Com a saída de Mano Menezes que assumia a Seleção Brasileira, o gaúcho Tite chegou com a estratégia de contratações de grandes nomes, tempo e planejamento. O técnico ganhou a confiança da torcida e apoio da diretoria desde a conquista do Brasileiro em 2011, apesar de uma parcela da torcida não estar convencida que seria ele o cara a levar o time à conquista tão sonhada da Libertadores. Mas foi e Tite caiu de vez nos braços da torcida que não o troca por ninguém. Nem quando ele foi cotado como um dos candidatos a assumir a Seleção, numa dessas coincidências estranhas do esporte, no lugar do mesmo Mano Menezes.
A conquista de títulos, o compromisso em manter o time no foco e ir com força máxima para a possível conquista do bi mundial, deixou a torcida, sempre presente, ainda mais eufórica com o bom resultado. Os 15 mil torcedores que estiveram no Aeoporto de Cumbica para acompanhar o embarque do time para Dubai/Japão, estava em clima de comemoração e "já ganhou". É preciso cautela com a euforia, mas não deve demorar muito para que as faixas de "Eu já sabia" que apareceram durante a Libertadores pipocarem novamente nas ruas.
4. Acreditar na má fase do Chelsea
O Chelsea, outro dos "azarões" do esporte em 2012, chegou ao Mundial de Clubes eliminando o todo poderoso Barcelona na final da Champions League. Apesar da boa campanha, claramente não era o favorito. A torcida corintiana comemorou antecipadamente o fato, já que, se chegasse ao Mundial, não repetiria o chocolate que o Santos levou do Barça em 2011, também na final no Japão. Em novembro, o Chelsea anunciou um período de crise. Após ficar da eliminação na fase de grupos da Champions, o técnico Roberto Di Matteo foi demitido.
Desde então, o desempenho do time só piorou e tem sido inferior a sua campanha durante o campeonato inglês, Liga dos Campeões e jogos ao longo de 2012. O que não se pode esquecer é que o Chelsea, agora sob o comando de Rafael Benítez, também está, pelo menos em foco, em pé de igualdade com o Corinthians. O gigante azul ganhou tudo o que disputou na última década e também fez uma boa campanha para chegar ao Mundial. Não duvide! O time pode estar se reestruturando, mas sempre pode surpreender ou representar perigo a qualquer adversário.
5. A torcida contra
Não precisa ser necessariamente um entendido ou fã de futebol para saber que tanto quanto os 30 milhões de "loucos", também tem uma gigantesca torcida contra o Corinthians, seja para disputa de jogo de botão ou na decisão de um campeonato Mundial. Não adiantou toda a catimba durante a Libertadores, não adiantou torcer pelo rebaixamento. Mesmo com a "invasão" corintiana, ingressos esgotados, torcedores de várias partes do mundo presentes, no Mundial, o time joga num país estranho, é praticamente desconhecido e não tem muitos pontos a favor a não ser estratégia e autoconfiança. Os secadores estarão de plantão e com a força máxima ativada para uma possível derrota no torneio. De preferência, no mesmo grau ou tão humilhante quanto a do Santos contra o Barcelona na final do ano passado.
6. O Japão
Apesar do trabalho da equipe técnica, de a torcida querer transformar o estádio (e o país) num caldeirão, não há nenhum outro ponto a favor ao time brasileiro. Houve um trabalho prévio para que a comida seja produzida com cardápio e ingredientes nacionais, mas não há previsão, saúde e organismo que determine reações, adaptação rápida ao fuso horário e clima frio. Além dos jogadores em campo, a instabilidade e o inverno rigoroso são fortes adversários contra o bom desempenho e futebol para o time embalar no campeonato. Na noite do jogo de estreia, o Corinthians joga com a temperatura
variando entre 4 e 10 graus.
7. Subestimar os adversários
Desde a conquista da Libertadores, o pensamento, estratégias e trabalho do time foi voltado para a final contra o Chelsea. Fato. O que quase ninguém comenta é que antes do jogo final, há times para enfrentar antes do Chelsea. Resultado magro ou desempenho não satisfatório ainda rendem eliminação. Ao que parece, o excesso de confiança está fazendo com que os torcedores
(principalmente) achem que passar pelos adversários vai ser fácil, só uma barreira para chegar à final. Confiando também no já citado mal momento do time inglês, vai ser mole vencer o favorito com show e goleada. Vamos com calma. O Corinthians enfrenta o campeão japonês ou o campeão africano. Um desses será o vencedor do terceiro jogo. Se passar, disputa a final com o Chelsea no dia 16 na cidade de Yokohama. Se passar.
Além da torcida apaixonada, do apoio, da competência e chance real de chegar à final, é preciso driblar a certeza que muitos já tem com a vitória. O que mais irrita os secadores é o fato de o time ser historicamente favorecido pela arbitragem e ter uma sorte de outro mundo. Dessa vez, a tecnologia vai estar a favor dos juízes. Resta confiar, senão no bom futebol, na cabalistíca data de 12/12/12 da estreia para ver se ela favorece o time alvinegro. Veremos! Ganbatte kudasai, Corinthians!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.