Quando eu era jovem não entendia a razão dos mais velhos usavam a expressão "no meu tempo era assim". Agora que eu mesma envelheço sigo sem compreender essa história de no meu tempo. Pois entendo que o tempo é um só, guarda-chuva aberto sobre os vivos.
Trata-se do mesmo tempo para quem nasceu faz um segundo, e para o Oscar Niemeyer nos seus quase 105 anos. Na verdade o presente não é propriedade ou privilégio de nenhuma faixa etária. Bem dizer, ninguém tem exclusividade sobre ele.
O que a gente faz, ou pode fazer, é virar antena para captar suas mudanças de direção e de humor. O tempo, fiel à imagem e semelhança dele mesmo, não cessa de se movimentar. Uma hora solavanca para frente, outra puxa para atrás.
Alguém aí, diante da telinha, duvida que conquistas retrocedam? Eu tenho certeza que sim. Por exemplo, quando eu era estudante da USP entrava livremente no campus. Hoje, a universidade tem guarita vigiando acesso e saída. Nesse caso, a liberdade individual recuou.
Mas há uma revolução em curso. Seu nome, todos já sabem, é internet. Além de ser a marca-rainha do nosso tempo, ela ganha minuto a minuto hordas de entusiastas. Pode ser a adolescente numa aldeia africana, a velhinha num apartamento em Copenhague, o homem maduro no sertão do Piauí.
O fenômeno de bilhões ligados à grande rede, e em tese conectados entre si, não tem precedentes. A internet é a chuva sobre as nossas cabeças. Ou dito de outra maneira, é temporal de granizo do qual ninguém escapa.
O motor dessa revolução é a mudança do mundo analógico para o digital. Do mundo cheio de intermediários para um universo mais direto. Não se trata mais de pegar o trem da história já feita, mas de embarcar no avião que faz a história. E não tem mais amanhã. Tudo é agora.
Por conta disso, sou webcronista com muito orgulho. Total entusiasta da grande rede. Digo para minhas amigas e amigos, dos quatro aos noventa e seis anos: "Corram para a internet, pois o presente mora lá." E o presente somos nós: os velhos, os maduros, os jovens, as crianças.
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